30.4.07

milimétrico, e assumidamente obsessivo,

coloquei há minutos o último livro nas novas estantes. A tarefa está concluída e dez dias depois a vida retoma o seu ritmo normal.

29.4.07

espólio

Aos trinta, a história da minha vida cabe nos dez metros cúbicos da carrinha das mudanças.

23.4.07

gap (2)



Geracional, este. Separam-nos 27 anos.

gap

A Maria criou um blogue que pretende reunir vários testemunhos de jovens licenciados que 'abandonam' Portugal e investem em carreiras profissionais no estrangeiro. A pergunta-chave colocada no cabeçalho é simples: o que leva a essa decisão?
Aparentemente não haverá uma resposta comum e será precisamente a diversidade das várias motivações individuais que fará do produto final desta ideia um interessante retrato sociológico da nossa geração.

(Adenda: Maria, já estou a preparar o meu texto)

22.4.07

busy days

Chego à casa com vista para o palácio e tal como esperava encontro-a vazia. Vazia de gente. Nada nem ninguém. Nem o gato preguiçoso se esconde debaixo da mesa com o seu miar piegas nem tão-pouco sinto as sombras da roupa estendida a dançarem na parede da cozinha. O quarto desocupado e cheio de luz nunca foi tão espaçoso. O soalho brilha com os raios baixos da luz de Poente e pela janela, sobre a infinidade de telhados, vejo ao fundo o rio Tejo.
Hoje, nesta casa, sobram apenas os meus livros, as estantes que os suportam e umas quantas molduras encostadas em fila-indiana à parede.
Monto as caixas de cartão surripiadas pelos supermercados e começo a empacotar. Tenho cinco dias para devolver a chave.

os despojos do dia

Dez dias de volta a Portugal por motivos logísticos. Achei por bem chamar-lhe assim enquanto subia para o avião. Dez dias de despojos, daquilo que foi uma guerra de amor entre um homem e uma mulher.

the man without a past (2)

Para o homem sem passado a amnésia é a catarse involuntária. Nele, já adulto, amor e o ódio estranhamente nunca coexistiram.

the man without a past



de Aki Kaurismäki, 2002

11.4.07

os esquimós não sabem nadar

Em 'Call of the North', relatos de 30 anos de expedições de Jean Malaurie ao Pólo Norte, leio a detalhada descrição dos caiaques e das pagaias inuits. Tudo tem de ser exemplarmente fabricado e testado por uma única razão: os esquimós não sabem nadar.
E o autor acrescenta: 'como poderiam aprender, com a água àquela temperatura que mata um homem em minutos?'

7.4.07

sexta-feira santa

5.4.07

don't try (2)

Charles Bukowski escreveu sempre sobre o que viveu: mulheres da noite e noites de whisky, apostas de cavalos e empregos de merda. Tudo fugaz, nada sério; tudo sério. Do seu alter-ego Henry Chinaski escreveu que foi o homem que nunca teve o emprego que quis e nunca manteve o emprego que tinha. Aos 49 anos, depois de aceitarem um dos seus contos, passou a escrever a tempo inteiro. Ele mesmo disse que nessa altura tinha apenas duas opções: continuar o seu emprego nos Correios e endoidecer ou assumir-se como escritor e passar fome. Escolheu passar fome. Morreu aos 74 anos.
Na sua campa está escrito 'Don't try'.

don't try

roll the dice

if you’re going to try, go all the
way.
otherwise, don’t even start.

if you’re going to try, go all the
way.
this could mean losing girlfriends,
wives, relatives, jobs and
maybe your mind.

go all the way.
it could mean not eating for 3 or 4 days.
it could mean freezing on a
park bench.
it could mean jail,
it could mean derision,
mockery,
isolation.
isolation is the gift,
all the others are a test of your
endurance, of
how much you really want to
do it.
and you’ll do it
despite rejection and the worst odds
and it will be better than
anything else you can imagine.

if you’re going to try,
go all the way.
there is no other feeling like
that.
you will be alone with the gods
and the nights will flame with
fire.

do it, do it, do it.
do it.

all the way
all the way.

you will ride life straight to
perfect laughter, its the only good fight
there is.


Roll the Dice,
Charles Bukowski

4.4.07

dirty gloria