5.10.07

o meu tributo




a Stephen Shore

Fiz esta polaroid da escadaria da biblioteca de Columbia algures entre Maio e Agosto deste ano. Nem apontei a data no verso. Mas fi-la com a ideia dos U.S. Postcards de Stephen Shore na cabeça: cores saturadas de paisagens urbanas semi-despovoadas num determinado momento do dia. Depois de secar, quando olhei bem para ela, lembrei-me de alguma coisa que Joel Meyerowitz disse sobre os lugares-comuns típicos da fotografia amadora; esses que curiosamente são uma das grandes referências de Shore. Monumentos desenquadrados devido ao erro de paralaxe das máquinas instantâneas, motivos turísticos, pontos de passagem fugaz. O próprio Meyerowitz, nas suas street-photographies, acusa essa tendência mas de uma forma muito refinada, (como em Untitled, 1966, que fotografa a projecção de um slide tomado por uma turista da vista de uma janela de avião). Anos mais tarde aparece Martin Parr como o derradeiro nome desta matéria, que utiliza a fotografia como um registo dos fluxos turísticos e do hedonismo forçado de uma sociedade esgotada.

Aqui, como em Shore e Parr, o processo repete-se: um homem que fotografa outro homem que fotografa uma estátua em bronze. Mas aqui, obviamente, como homenagem. Não como um especial interesse sociológico.

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