30.4.10
29.4.10
the aesthetics of a personal knowledge, (2)
Acredito que num determinado aspecto os descrentes nos outros sejam no fundo e inconscientemente —ou acima de tudo— descrentes deles mesmos. Como escreveu Protágoras, o homem é a medida de todas as coisas. Por conseguinte, consideremos que é o indivíduo (e as suas acções) que dá o mote e estabelece a fasquia de tudo o que o rodeia. Assim, como poderia ele acreditar nos demais aquilo que desconhece em si próprio?
28.4.10
the aesthetics of a personal knowledge
A formação de uma intimidade assenta no reconhecimento de pequenos desejos, trejeitos, defeitos, toques, tiques e requintes até ao ponto em que estes não deixam nada mais respirar, tornando-se estilhaços de um qualquer sublime cosidos na pele e no suor. 'Eu' é um outro, escreveu Rimbaud, ou chegar ao desconhecido através do desregramento de todos os sentidos.
27.4.10
a possibilidade de um futuro
Que aquilo que consideramos o «melhor» seja sempre encarado como o ponto de partida para algo que o supere. Se assim não for, inevitavelmente tudo se desmoronará, antevendo uma derrota final e pessoal —essa cunhada e medida no leito de morte— por inacção, estagnação e falta de espírito. A possibilidade de um futuro depende da capacidade de evoluir a partir do passado e não da entronização cega e absurda deste. Em parte, se não se tenta, nunca se há-de saber se se ganha ou se perde. A dúvida desta «possibilidade» amputada é um pesado remorso. Pior do que porventura o será um putativo fracasso.
20.4.10
modernidade e pós-modernismo
'Secretary at West German Radio, Cologne' (1931), por August Sanders.
'Ana Silva e Sousa', em 'A Idade da Prata' (1986), por Mário Cabrita Gil.
16.4.10
la mort du roman
Pode parecer absurdo (deixemos essa consideração a Camus) marcar uma data de término logo no início de uma relação; não obstante, a verdade é que inevitavelmente estas vêm já com prazo de validade — seja de trinta dias ou de trinta anos — sabendo que é exactamente pelo facto de ser (à partida) desconhecido que elas são estimulantes. Predefinir assim a duração do romance, num acto cru, racional e anti-romanesco, assemelha-se à sua morte prematura mas não é mais do que antever a condição efémera da larga maioria da natureza humana global e cosmopolita — para os sedentários, talvez seja outra história. Dois meses, mas quem diz dois pode até dizer um ou quatro, será o tempo ideal para aproveitar o máximo do tesão e o mínimo da complicação. A partir desse período, tudo tende a tornar-se cada vez mais «inversamente proporcional». Há, contudo, quem diga que a paixão vem com a complicação; que andam ambas de mãos dadas e sem uma a outra não existe. Nas noveletas barrocas e no Romantismo Francês talvez, mas eu pessoalmente não acredito. Pelo menos até prova em contrário.
14.4.10
family album #06
Doug's nephew told me and the folks that we must visit Vegas.
Good Lord, I never saw anything licentious and vicious as that.
family album #05
Mariah invited me for a dance session at the latin club in the Highway.
We spent the entire evening in the disco's parking lot instead.
13.4.10
family album #04
Bobby wanted us to make the deal at his downtown apartment.
The moment we arrived, we already knew he had fled to Reno.
family album #03
I left 'cause I couldn't stand Brett anymore.
A lifetime savings wasted in that stupid roulette.
11.4.10
family album #02
I asked the maid to iron my shirt.
I didn't want to return to Des Moines like a lousy bum.
family album #01
Dad was supposed to come that day. He didn't.
Mom said that he probably missed his plain.
7.4.10
Andrews não vê Laura, vê uma representação de Laura. Esta representação é simultaneamente a projecção de um ideal — Laura é perfeita em todos os seus aspectos — e de um desejo inalcançável — Laura é bela, fêmea, sedutora mas aparentemente está morta. Andrews não é por isto — e «por isto» leia-se ter um sentimento de atracção a uma imagem - um caso raro. Antes pelo contrário. Como ele, são muitas as pessoas que preferem a representação de alguém ao alguém propriamente dito; ou seja, o que «representa» e não o que «é». O duplo suplanta assim a realidade, especialmente quando esta traz por defeito ou necessidade algum aborrecimento, interesse, desprezo ou comodismo.