Não gosto de museus grandes. Nunca gostei. Mas visito-os com frequência. Para rever uma peça especifica ou uma determinada colecção. Às vezes distraio-me a ouvir os comentários dos outros.
Nos museus grandes e mediáticos a arte é vista como produtos de supermercado. Para a maioria dos visitantes a Arte Romana é um cacho de bananas e o Barroco o Sonasol.
Muitos visitam museus para dizer
que viram e que estiveram. Preferencialmente tiram uma fotografia no acto, junto de alguma peça que seja ulteriormente reconhecível nos seus círculos. Tal serve, como escreveu Sontag, da
prova indiscutível perante a família, os amigos e até os vizinhos. A prova de que eles (os que foram)
acumularam cultura.
É legítima a observação indignada de alguém que perante uma tela toda branca, ou negra, ou com dois traços, ou um ponto, pergunta
que merda é esta? Mas na verdade esquecem-se, ou não sabem, que aquilo que criticam vale pelo que representou num determinado momento e não apenas pelo que é agora.
Os museus grandes e mediáticos são economicamente mais viáveis do ponto de vista da manutenção e mais lucrativos no
merchandising. Nos museus grandes as colecções mais importantes servem de âncora, ajudando outras menos mediáticas. Como as galerias medievais, por exemplo, onde todos passam a correr porque lá fora, na rua, as lojas não tardam em fechar.
Afinal são os
Girassóis (e não os cravos) os favoritos do Povo.
As excursões aos museus, nos intervalos das compras, representam o expoente máximo da hiper-modernidade: o hedonismo deixou de ser uma vontade, é uma obrigação.
Perguntar
que merda é esta? também é arte.